Quando uma torrada cai, é por demais sabido que há-de cair com a manteiga virada para baixo. Parece que é mais ou menos o mesmo princípio que faz chover se você não leva guarda-chuva em dia meio cinzento, mas faz vir sol se você levar o dito guarda-chuva.
Aparentemente, como a torrada tem dois lados, a probabilidade de cair com a manteiga para baixo devia ser igual à probabilidade de cair com a manteiga para cima. Ou seja, metade das vezes a manteiga devia ficar virada para cima em vez de sujar os tapetes. Mas é uma verdade quase tão certa como a fila no supermercado quando você está com pressa. Só não o sabe por experiência própria quem não come torradas ou as come sem manteiga.
Diz-se à boca cheia que o problema das torradas é uma demonstração clara da famosa lei de Murphy. Segundo esta lei, “tudo o que pode correr mal, vai correr mal”. Isto explica fenómenos como o do autocarro que se atrasa sempre, excepto no dia em que você também se atrasa: nesse dia passou a horas e você já o perdeu.
O caso não é bem uma aplicação das leis de Murphy. Há uma explicação mais racional para tantos pequenos-almoços estragados. O problema tem a ver com a altura. Quando a torrada cai, normalmente cai da mesa ou da mão de uma pessoa, e antes de cair estava com a manteiga virada para cima. Acontece que ao cair vai rodando, e a altura da mão ou da mesa é a medida exacta que lhe permite dar mais ou menos meia volta. Quando chega ao chão, a parte da manteiga já está para baixo. Não há palavrão que o evite, a manteiga vai mesmo barrar os mosaicos ou os tapetes. Felizes das pessoas muito altas ou muito baixas: para essas a torrada pode não ter tempo de dar meia volta, ou pode ter tempo de dar perto da volta completa. Nesses casos vai cair com a manteiga virada para cima. Quem for de estatura mediana está em desvantagem.
Eis o MISTÉRIOOOOOO. kkk